Aprendizado

Minha mãe me levou à arte. Ela incentivou muito meu gosto pela arte. No entanto fiz a faculdade de arquitetura. Como era muito imatura, imaginei que o trabalho com a arquitetura fosse necessário para me dar o sustento. No fim acabei trabalhando e tirando meu sustento de minha atividade como designer e artista plástica.

Morei três anos na Itália para ter contato com a arte e o design italianos e aprender as técnicas. A Itália tem uma tradição de design e de artes plásticas que fazem dela um referencia natural para o meu trabalho. Sempre foi claro para mim que a Itália seria o local mais adequado para meu aprendizado. Antes de ir para lá eu era uma artista tentando se expressar. Lá eu aprendi os meios, as técnicas, para dar expressão consistente, sólida, para esses sentimentos dentro de mim. Aqui aprendi o básico, mas lá tive um refinamento que me serviu muito porque tenho uma vocação para chamar os detalhes em uma arte mais sutil, mais delicada, mais profunda.

Minha visão da arte

A produção da obra de arte em si é apenas uma parte de meu trabalho. O artista trabalha também criando condições para produzir sua arte. Condições internas, ambiente de trabalho, escolha e domínio de técnica, pesquisa de material e da linguagem expressiva. O tempo gasto na produção da obra em si é relativo. O esforço anterior que faz o artista produzir a obra é um esforço intenso e extenso. Acreditar no próprio trabalho é fundamental para o processo. O momento da produção da arte é para mim um momento de intimidade com Deus. É um momento místico e sublime. Naturalmente depende de fé, de acreditar e de sentir a presença de Deus no ato.

O que é bem feito, é feito com o coração. Na Índia existe uma crença de que é melhor fazer o que é autêntico, ainda que imperfeitamente, do que fazer com perfeição aquilo que é falso. Na minha opinião, a arte é a expressão do verdadeiro, ou seja, daquilo que está no coração e se expressa através dele. A arte vem do coração.

Tenho grande respeito pela arte e pelos bons artistas. Meu aprendizado se fez na observação dos trabalhos de outros artistas. Mas percebi que meu trabalho amadureceu apenas quando encontrei dentro de mim mesma a inspiração para minhas obras. Minha inspiração vem da minha maneira pessoal de viver, de encarar a vida, os acontecimentos. Expresso na arte os sentimentos sobre como vejo e sinto as coisas que acontecem ao meu redor.

O artista precisa se conhecer, ser íntegro e escutar o coração. Para mim também é muito importante ter disciplina e paciência, pois a arte requer muita dedicação. Minha arte, por exemplo, está amadurecendo agora, quando estou com 33 anos. Só agora me sinto preparada para concluir uma série e expor.

Meu trabalho

Demorei para fazer uma série com a finalidade de exposição. No início eu estava fazendo os trabalhos em paralelo com os estudos, treinando as técnicas e deixando o trabalho amadurecer. Depois meus trabalhos eram produzidos para atender à demanda de mercado, e não sobravam peças para montar uma exposição. Mas agora estou em uma nova fase de minha vida artística e as exposições fazem parte de minha nova agenda.

No momento estou fazendo uma série temática em escultura, tela e aquarela sobre a nossa relação com as forças da Natureza. A aquarela em especial é uma técnica que me encanta porque trabalha com transparência e luminosidade. É uma técnica espontânea. É a que melhor expressa hoje o sentimento que quero passar com a arte. O que procuro expressar através de minha arte é a pureza.

A evolução dos temas

Os primeiros professores que tive me influenciaram muito com os nus e depois essa temática ficou muito forte na Itália, onde o erotismo é acentuado nas artes. Serviu para meu aprendizado de anatomia e plasticidade da figura, mas é um momento que ficou para trás. Fiz séries com flores e com peixes, mas com o trabalho de uma releitura que fiz de uma madona, tive a inspiração da nova fase de minha carreira artística, em que se iniciou uma apreciação pela pureza, pelo sagrado e pela beleza dos bons sentimentos. Eu defendo uma arte benigna, que passe bons sentimentos para o público.

O Design

O trabalho com design foi importante pela disciplina que ele exige e também porque me fez ver com clareza a importância da arte em minha vida. Tenho a necessidade de expressar o que sinto. No design não temos total liberdade de criação porque o mercado pede produtos que estejam de acordo com as tendências internacionais, e também porque precisamos seguir as normas técnicas para um bom rendimento do produto – o que me ajudou a ter certeza de minha vocação para as artes plásticas.

Criei uma linha própria de peças de design. Objetos decorativos, como vasos, luminárias, castiçais, painéis com impressão digital, e móveis como poltronas, sofás, mesas, aparadores, cadeiras e bancos. Estão presentes em muitos edifícios, residências e hotéis em Balneário Camboriú e em várias outras cidades.